1993. Na primeira segunda feira de cada mês a “crise dos paradigmas modernos” recebia seu banho ácido
Embora aspiremos à um patamar de diversificação da matriz energética ainda é pela possibilidade sintética que se deixa seduzir nosso “ Florão da América”. Evidências? Seguramente, tratam-se menos do fato de pleitear-mos uma cadeira na Opep** senão as que indicam um consumo massivo de implantes de silicone que abarrotam os leitos cirúrgicos à perder de vista.. O onanismo-cyber rende diariamente tubos de euro-cifras à silimanequins do quilate de Ângela Bismark que prótese aqui, prótese ali, revive a saga do ser artificial re-criado a partir de recortes humanos na novela de Mary Shelley. Nossa Angelstein
evidencia uma inexorável sintomática da pós-modernidade
A SUPREMACIA DO CORPO COMO OBJETO DE CULTO encontra em nossos dias motivações estranhas àquelas da antiguidade clássica aonde sequer os selectos círculos gays atenienses contestariam a realeza das dimensões totêmicas no “corpinho” da portentosa Afrodite. Das febris investidas de Rodin contra o rochedo afim de extrair dali a exuberância formal que sacralizou seu explêndido estudo da anatomia às alegoria protética do cirurgião plástico moderno revela a sujeição da façanha artística à sua reprodução em escala industrial tal o preconizou o formidável Walter Benjamim em “ A Obra de Arte na Era de Sua Reprodutibilidade Técnica.”
No imenso tabuleiro do tempo, as peças que encontram-se passíveis de substituição são aquelas advindas da iconologia imagética que originaram o gosto na antiguidade. A apuradíssima silimanequim descende mais diretamente dos mitos cotidianos da cultura de consumo da categoria de Barbies e Suzies, do que da Vênus crepuscular egressa de sua concha, modelo institucional do belo que causou rubor mesmo nas mais experientes cortesãs durante o renascimento. Ao mancebo que não apetece o afetar narcisista da metrossexualidade resta aferir a proveniência e as condições de estoque de sua musa. Os novos desconfortos da paixão podem representar algo no tipo de um “ Made In Paraguay”
Imagem: Título " 20%"- fotocomposição. Gorpo, 2006.
Um comentário:
É, a decadente geração que se preocupa apenas em PARECER e esquece o que é SER. gosto muito desse teu texto! :)
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