21.9.08

à exatos doze meses, iniciei uma série de crônicas/ensaios de cujos apontamentos psico-sociais destaco este que tão bem se presta a repensar a condição do ente urbano que ora refletindo ora mimetizando tal boneco de ventríoloco aquilo que hoje se toma por tradição gauchesca, segue inadvertidamente a irresistível tendência rumo ao despojo total da genuinidade desta.

o avestruz irredutível

hoje é 20 de Setembro... de acordo com dados historiográficos este dia foi o... "Precursor da Liberdade" conforme o sublinha o cancioneiro farroupilha. outrossim, ao voltarmo-nos para a prática, percebemos por assim dizer, uma tendência apática que se me permite o ensejo, penso em batizá-la (que me perdoem os ambientalistas ) de "Efeito Avestruz!" Com a cabeça enterrada no solo arenoso da contemporaneidade, aliás postura desconfortável aonde restou-lhe apenas a liberdade do "traseiro ao vento", o "gaucho" ( prefiro sem o acento agudo, soa mais castelhano )- ser mitológico das heranças etnológicas- surge na metrópole como um vulto perdido. como solucionar esse sujeito histórico ? caminhos que levam à um decréscimo do patriarcalismo na estrutura familiar, com o advento da "Mãe Solteira" como um "ente" da família desatomizada, aguardam o desvendamento de antigos códigos, a desconstrução de velhos estereótipos.
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uma linha de sofrimento cruza a querência de "fora à fora" sem que contudo, nosso tecido político dê um passo democrático por mais acanhado que seja! Sonhamos com esse rincão esquecido... o que antes era destinado ao convívio coletivo e solidário virou uma compilação de espaços privados, individualistas. a conquista das metrópoles no ocidente foi marcada por essa tendência. a exposição do caudilho à experiência radical da individualização é o mal estar advindo de sua prática de sobrevivência, de sua insatisfação determinada por ciclos de repetição regulamentados pelo rigor do tempo industrial tão caro às grandes agências de controle social.

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no painel histórico do Rio Grande, a crise da individualização tem sua gênese no temor à mão de obra de substituição, à alta taxa de rotatividade dos quadros funcionais presentes nos colossais investimentos atraídos por atrativos fiscais sem precedentes. mas o ponto não é discutir o grande rombo no orçamento do estado como os 750 milhões que jorraram dos cofres públicos antes da ampliação, não é mesmo General Motors? o grande "fervido" da cultura em que se banha a sociedade industrial ( e que modelo insustentá-vel, tchê! ) abre campo para a falácia ambiciosa sobre a destinação social da grande "corporation"- Gaúcho! Conta Comigo- enquanto no playground hipnótico da pós-modernidade, a piazada trata de acumular relações sociais simuladas no confinamento virtual – Segunda Vida é a cancha reta do declínio do Self. Solidão e tristeza conectadas em rede.... O “profile” como indicador da posição geo-estratégica propícia à novos nichos consumidores.

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nas bocas: - não é a cochilha, mas a metrópole que nos torna um ouriço.