
A torrente do imaginário vez por outra seca. A gente olha pro notepad em branco e simula toques no ar a fim de expremer um carctere que preste. Hora perfeita pra criticar a obra alheia. Pensando nisso, me esforço em vislumbrar o que as letras " Pós-Paulocoelhianas" reservam para os simulacros vindouros. Se há uma constante cinética no "fazer literário" deste século é que ele pula de um folhetim para outro. O formato editorial que estandardizou as letras no passado, com a fórmula de revelar o Brasil desconhecido e gerou -é verdade - cronistas formidavelmente reacionários através e apesar da genialidade de sua obra. To falando do Nelsão mesmo. Desde o começo do século passado apoiava-se na equação [ Ascensão Social através do casamento + Colaboração entre Classes= Pedro Coragem montado sobre Heleninha Roitman à galopar o Asfalto Selvagem]. Final feliz e justiça social para o imaginário público no país do futebol. O formato condicionou e condiciona o estilo seja em byte ou celulose, o blog de hoje foi o folhetim de ontem. A senha chama-se "auto-referência" . O cinema nacional recente, vive disso. Meu Nome Não é Johnny, A Festa da Menina Morta, Nome próprio...
Em recente entrevista Clarah Averbuk(owski) , declara que Nome Próprio ( filme do Murilo Salles que premiou Leandra Leal no último Festival de Cinema de Gramado ) não é em absoluto, sua cinebiografia adaptada. "-Blog não é gênero literário". Desconstruía categórica a autora hypada de Máquina de Pinball diante dos microfones-endoscópicos na telinha aqui de casa. Pessoalmente, penso ser perfeitamente discutível a probabilidade dos "multimeios" apresentarem uma conexão plausível enquanto espaço real dessas transformações na literatura. Mas daí negar que a blogosfera há de definir os padrões de consumo literário doravante é que são elas.
P.S. e olha que este que vos escreve é resoluto fã dos Henrys sejam Miller ou Chinaski's.
"Eu te vejo sumir por aí
Te avisei que a cidade era um vão
Dá tua mão, olha pra mim
Não faz assim, não vá lá, não
Os letreiros a te colorir
Embaraçam a minha visão
Eu te vi suspirar de aflição
E sair da sessão frouxa de rir
Já te vejo brincando gostando de ser
Tua sombra se multiplicar
Nos teus olhos também posso ver
As vitrinas te vendo passar
Na galeria, cada clarão
É como um dia depois de outro dia
Abrindo o salão
Passas em exposição
Passas sem ver teu vigia
Catando a poesia
que entornas no chão"
( Chico Buarque )
* Piérre Bérégovoy, ex-chefe do Governo Francês que se suicidou em 1993.
No alto: Heleninha Roitman recebe Exú-mirim em Vale Tudo.