21.1.09

Encaixotando Suehiro


"sua obra tem beleza demais, uma técnica impecável e tamanha complexidade de idéias que é impossível classificá-lo simplesmente como um pornógrafo talentoso ou um 'gorehound ".
(
Nathan Bennett , jornalista da Dazed e Confused )


Considero inegável que a obra de Suehiro Maruo surja como uma HQ de sondagem psicológica aonde a façanha discursiva subsista na idéia de transversalizar seus limites pictórico-espaciais. Tamanha densidade conflitual das idéias dispostas em sua linguagem “ Gore ” lhe rendeu comparações à Georges Bataille, Marquês de Sade e William Burroughs .Não obstante, acharia prudente uma investigação sobre as inflexões do artista, que fosse capaz de reconhecer sua própria trajetória como um dos vetores decisivos para a compreensão das suas proposições de autor. Anteriormente à toda essa ebulição em torno de si, Suehiro tivera por inúmeras vezes, seus trabalhos descartados pelo mercado editorial dos mangás - que saia de cena - movimenta uma fatia substancial do produto interno Japonês. Acredito na premissa da inadaptabilidade do autor à uma indústria de entretenimento que prime por uma cultura visual " anestésica " e não se interesse por MOSTRAR algo, senão por VENDER algo. É exatamente aí que Suehiro descobre seu nicho. Ao contrastar proporções do grotesco e do fantasmal com uma paleta nada menos que sublime, apresenta-se como alternativa à todo um modus operandi num franco desafio à nossos hábitos perceptivos. Seu mundo é o mundo da satisfação dos desejos em estado selvagem, despojado daquelas operações de controle desempenhadas pelo super-ego¹. Paradoxalmente, o supra-racional e o amoral encontram-se à irromper como fenômeno narrativo sugerindo a representação do desgoverno, das carnificinas e dos genocídios não ficcionais, à passo que a fluidez onírica dos cenários plenos de simbolismos gráficos , aponte para a situação surreal do objeto de arte por onde discursa o inconsciente. No patamar Nietzscheniano, a articulação estabelecida com o universo de Maruo, reside seguramente nos aforismos do filólogo² acerca da obssolescência do homem ( o Eu individual Vs. O Eu social ) . No tocante à cultura pop, livros como “ O Vampiro Que Ri “ e “ Eroguro “ serão provavelmente computados como marco-inaugural do gênero angura³ dentro dos quadrinhos, estando em plena disseminação de seus núcleos de identidade e consumo em países como Alemanha e Estados Unidos .


1. : Ver teoria da Sublimação e Recalque. 2.: Nietzsche era formado em letras. 3.: Termo empregado para designar o mangá underground.

2 comentários:

Anônimo disse...

tal e qual a mendiga a se lavar na pia batismal...

Jéssica Mello disse...

É isso aí mesmo, quando um bo artista tem muito talento,
oresultado são obras muito boas como essa!!!!
sucesso, tudo de bom pra vc Cris!!!!